Dias assim

Cheguei a casa a pensar que tinha de acabar um trabalho. A minha mente quando se foca em alguma coisa, não sai dali. Mastiga, mastiga. Cozo o peixe, para ela, faço massa, porque não gosta de babatas, e agradeço ao corpo o facto de ele fazer grande parte sozinho. Será que deve ser cor-de-laranja? E que linhas devo seguir? Beatriz come o peixe. Será forte o suficiente? Dou-lhe a fruta, bolachas a seguir. Pego no computador. Para a direita e para a esquerda. O relógio que ainda não parou. Vou ficar cheia de sono. Beatriz sai de cima do cão. Tobias não faças isso à menina. Pára um bocadinho filhota... a mãe tem de trabalhar um bocadinho. Só hoje. Também queres? Hoje não. Por favor hoje não. Vai jogar com o pai. Isto devia ser maior. Não faz sentido... tem de fazer. Tem de ser bom. Tenho de acreditar. E os olhos viajam do computador para a brincadeira no sofá. Os ouvidos captam os risos. Concentra-te, olha as horas. Ah, temos de comer. Pedimos fora? Dá-me o telefone para pedir, queres o quê? Boa é isto. É isto mesmo. Dá um beijinho à mãe de boa noite. Dorme bem querida. Agora tenho de ver isto numa outra perspectiva. Assim tem impacto, credibilidade. Tou a ouvir o meu nome. Diz? Não dorme sem mim? Subo as escadas, deito-me vestida. Beijinhos, abracinhos. Ai que eu tenho tanto sono e ainda tenho de descer. Meia noite. Uma da manhã. Os olhos a arderem, e nada... nada de nada. Duas da manhã na cama, às voltas. Três da manhã de televisão acesa. O quê? Já são essas horas? Não me digas. Já devia estar a sair de casa. Manhã cinzenta. Pouca fila. Música alta. O Pedro Ribeiro a rir. Eu a rir com ele. Meio dia, fez-se luz! Já está. É bom. Era isto que estava cá dentro e teimava em não sair. Respira. Respira bem fundo.
Ai que saudades da minha filha.

Fiquei a pensar nisto

O maior sinal de inteligência é sabermos, admitirmos e conhecermos os nossos defeitos.

E a resposta:

_ Mãe, se te portares mal levas com a minha xupada (espada).

_ Mãe tás toda tuspida (despida).

Porque duas amigas me lembraram...

... que registar para não esquecer é muito importante.

A Beatriz fala bem. Troca poucas palavras, mas há duas que diz sempre mal e que eu não consigo deixar de achar delicioso.

Xupada e Tuspida.

Alguém se atreve a adivinhar o que querem dizer?

Nostalgia

Esta é a música que mais marcou a minha infância. Não consigo deixar de sorrir sempre que a oiço.
*

De repente, viajo para a minha antiga casa, na minha antiga cozinha. E vejo-me ali, sentada num cobertor no chão, de olhos postos no rádio pendurado na parede e a sonhar, a imaginar, quando seria o meu primeiro amor. Se ele também me iria chamar cinderela...

Este é verdadeiro poder da música e aquele que devíamos sempre aproveitar. As viagens gratuitas ao universo das nossas memórias.
Afinal todos nós somos "crianças, a viver esperanças, a saber sorrir..."

*versão de Rui Veloso, em "Tributo a Carlos Paião"

Gostava de ser mais paciente.

Acabei de fazer delete ao imenso texto que tinha aqui a explicar porque é que eu gostaria de ser mais paciente.

Mas, perdi a paciência, apaguei-o porque não estava bem, não estava completo e não explicava o verdadeiro sentido da afirmação.

Para simplificar a explicação, basta dizer que perdi a paciência para explicar porque é que eu gostaria de ser mais paciente.

Só para registo

No sábado cortei 20cm de comprimento de cabelo.

E parece que a minha cabeça pesa metade do que pesava.
Estou mais leve, gostei do resultado e lembro-me agora porque usei o cabelo curto durante tantos anos.

Freedom... freedom...

Da ementa semanal

hummmmmm

Também foi a primeira vez...

... que eu vi um tamboril com 40kilos.

Pior que do que vir aqui escrever que vi um tamboril com 40 kilos, é estar em pleno hipermercado a tirar fotografias a um peixe, enquanto um homem insultava a peixeira por ter deixado passar uma pessoa à sua frente. Há gente para tudo!

Uma semana depois de eu ter dito que:

A Beatriz nunca tinha tido uma otite, estamos em casa, por causa da sua primeira otite.

Ninguém me cala esta matraca, pois não???

38 euros

Foi quanto eu hoje gastei em pilhas, para os brinquedos da Beatriz.

Caras avós, a próxima vez que quiserem comprar algo para a neta, aqui está uma bela sugestão:
Uma embalagem de pilhas!!!

trinta-e-oito-euros... fico doente só de pensar nisto!!

Work In Progress

Decidi que ia começar a fazer à sexta feira, uma lista com a ementa da semana seguinte. De segunda a sexta. Mais um passo, na organização do meu cérebro que anda a ficar com as divisões bem arrumadinhas.

Vamos ver quantas semanas isto dura, e quais os resultados a nível de poupança de tempo e dinheiro. Na poupança de chatice também, quando oiço a pergunta:_o que é o jantar hoje? Fico sempre deprimida por nunca saber a resposta. Desta forma, só penso no assunto uma vez por semana: à sexta feira.

Hoje imprimi a minha primeira folha A4 com uma ementa para colocar na porta do frigorífico. Espero que seja a primeira de muitas.

E este blogue não seria meu, sem...

... um vídeo dos Xutos.



Sempre, mas sempre à minha maneira.

A Branca de Neve e o Lobo Mau

Bia conta uma história à mãe.
Ela contou... foi mais ou menos isto:

Era uma Branca de Neve há muitos muitos tempos. De saia cor-de-rosa e unhas cor de rosa e cabelos amarelos muito compridos.
E depois veio um caçador e outro e outros tantos, tantos... tantos. E um monstro. Ah não. Uma monstra de saia cor-de-rosa.
E acabou. Guarda na gaveta, amanhã há mais. Histórias de encantar que eu te vou contar.

Não me perguntem onde é que entra o lobo mau. é mistério...

Curtas

_Bia arruma esses dois brinquedos.

...

_Bia arruma esses dois brinquedos.

...

_Bia arruma esses dois brinquedos.

...

_ Mãe não estou a ouvir que estás a dizer-me para arrumar os brinquedos.

Arco-Íris

Manhãs de muito trânsito, mas também com algumas surpresas!
E consegui tirar a foto sem provocar nenhum acidente.

Brilhos

Depois do Natal, a nossa casa anda a brilhar. Não brilha porque está muito limpinha. Brilha, porque tudo o que ela pediu e recebeu tem brilhantes.
É o castelo das princesas, a carruagem com um pónei que deita brilhantes por todo o lado e os vestidos das Barbies que também largam brilhantes. Para melhorar, a Polly que nada tem a ver com diamantes, também trás uns frasquinhos cheios de brilhantes.
Não há aspirador que dê cabo disto. Há uma mãe que desistiu de tentar exterminar com o brilho.
De vez em quando a roupa do pai também leva uns pozinhos... e há dois dias perguntaram-me porque é que eu tinha a testa a brilhar, as orelhas e o cabelo. Apeteceu-me responder que lá em casa depois da meia-noite, havia bailarico. Mas limitei-me a dizer que acho muito fashion e que 2009 para mim, será cheio de brilhos.

Pensava eu, que esta fase cor-de-rosa, das meninas e barbies ainda estava longe. Mas não! Desde o dia 25 de Dezembro tenho mais filhos para pentear, vestir e limpar. Anda de tal forma mergulhada no mundo das princesas que de manhã diz-me que quer ir de saias. Que as princesas não usam calças, nem ténis.
Fui forçada a criar um manual, manual esse, que estará em constante actualização durante esta fase cor-de-rosa fluorescente:

as princesas NÃO enfiam o dedo no nariz!
as princesas NÃO gritam, falam sempre muito baixinho!
as princesas NÃO FAZEM FITAS! (mas exigem tudo muito depressa, não esperam um segundo e têm sempre alguém que lhes faça a vontade)
as princesas NÃO COMEM COM AS MÃOS!
as princesas NUNCA FAZEM xixi na cama!

as princesas são crescidas e muito responsáveis. Dão beijinhos, dizem por favor e obrigada :)

Coisas boas do Inverno

Amor e Morte

É com lágrimas nos olhos que escrevo, algo sobre o que ainda não consegui entender. Lembro-me agora de um artigo do Rodrigo Guedes de Carvalho que contava assim:
"E a cada notícia de mais alguém que, tu pões-te logo a pensar se era assim que previa partir, daquela maneira, num dia assim..."
Ontem soube que o marido de uma grande amiga minha morreu num acidente de mota. O marido daquela amiga que eu sempre achei que nada, mas nada ia abalar o seu casamento, feito de muito amor, de muita partilha mas também de muitas cedências. Aprendi com ela, o poder que nos está nas mãos, de fazer crescer o amor entre duas pessoas. Sempre foi e será um modelo de vida para mim.
E assim acaba uma linda história de amor com 20 anos. De um segundo para o outro. Dela restam memórias, uma mulher e dois filhos...
"Perceber que a vida, retirada toda a gordura das pequenas insignificâncias inconsequentes, será esta dança entre as duas palavras, e agarrarmo-nos com um feliz desespero a uma para tentarmos (ingénuos) fugir à outra."

E foi com início nesta conversa, entre lágrimas e os porquês, que me perguntaram ontem:
_ Diz-me lá agora onde está o teu Deus. Aquele de quem tu tanto falas?

Tenho lido tanto, por estes dias, por aqui e por ali, temas sobre a religião e nenhuma dessas vezes me apeteceu comentar, falar, opinar... Mas hoje sim. Hoje acredito que existe espaço para a minha resposta, uma resposta para mim mesma.
Sei que a pessoa que me faz uma pergunta dessas, sofre bem mais do que eu. Simplesmente porque não tem nada onde se agarrar, onde se amparar. E o que é a fé, senão uma forma de nos fazer aliviar a dor? A fé, seja ela no que for. Acredito que quem a tem, consegue arranjar sempre alguma resposta, resposta essa que interiormente nos ajuda a arranjar e a arrumar, os anseios, as perguntas. Respostas que nos arrancam a raiva e que nos mostram que o caminho, por mais difícil que ele seja é sempre o caminho do amor.

Imaginação Fértil II

À saída da escola pegou na ementa semanal.

_Bia o que é que estás a fazer?

_ Tou a ler o almoço de amanhã

_ (risos) então o que vai ser?

_ Amanhã o almoço é (silêncio).... é.... rebuçados!

Imaginação Fértil

_ O mãe anda cá... anda cá depressa. Anda... eu encontrei uma pegada de dinossauro debaixo da cama.

(hummmm?????)

_ Olha, vê.... óoooooooooo. E é grande mãe!!!



_ Mas olha, não faz mal, não tenhas medo. Os dinossauros só comem leões.

(ufa. Fiquei muito mais descansada!)

A foto é da carpete do quarto.Ficaram as marcas dos pés da cama, quando a mudei de sítio. Mas shiuuuuu, tenho de dizer isto baixinho, porque ela está a adorar ter mais um animal de estimação lá em casa.

E por falar em mau acordar...

... há noites que também devo ter mau dormir.

Hoje o meu marido dormiu no sofá. Disse-me quando acordei que o tentei matar, durante a noite. Agarrei-me ao pescoço dele e disse:

_ Eu não quero, já te disse que não quero!!!!

(juro que não me lembro de nada, mas de qualquer forma com instintos destes, meu amor, é melhor não me contrariares!)

Já lá vão três

Posso começar por dizer que tenho um acordar difícil. Não é difícil por acordar mal disposta. Não chego a ficar mal disposta, porque quando acordo já estou tão atrasada que não tenho tempo para isso.

Há dois dias experimentei deixar 3 telefones a despertar ao lado da minha cama. E consegui desligar os 3, um a um, penso eu. E agora pensam assim: Mas porque é que não os deixas a tocar de 10 em 10 minutos? Deixar eu deixo, mas também consigo desligar essa função.
Na verdade eu não sei o que o meu cérebro pensa, mas eu olho para as horas e acho sempre que é muito cedo e que ainda tenho muito tempo, até que se dá o clique final e levanto-me numa fracção de segundo, atiro-me para dentro do chuveiro, depois atiro-me para dentro da roupa e quando chego ao quarto da Tiz e lhe digo: Bom dia filhota!
Ela responde-me:
_Bom dia mãe, estamos atrasadas?

(tenho de mudar isto, ou a miúda ainda fica com algum trauma!)

Vá, eu tenho o sal na mão.

Pelo sim, pelo não, deixa-me cá (antes de começar isto à séria) imaginar que tenho um monte de sal na minha mão esquerda!
Raio de manias supersticiosas que todos dizemos não acreditar.Como quero começar isto bem e porque quero que o novo blog tenha muita saúdinha, faço isto como manda o figurino.
Imagino o sal e o pé direito esticado enquanto me sobram apenas 5 dedos para tocar no teclado.

Novo blog. As mesmas vidas. Uma grande vontade. Um desejo de desacelerar. Viver todos os dias de 2009, em forma de slow motion. Mais tempo para a família, para os amigos e para mim.

Mais do que realmente interessa.