É com lágrimas nos olhos que escrevo, algo sobre o que ainda não consegui entender. Lembro-me agora de um artigo do Rodrigo Guedes de Carvalho que contava assim:
"E a cada notícia de mais alguém que, tu pões-te logo a pensar se era assim que previa partir, daquela maneira, num dia assim..."
Ontem soube que o marido de uma grande amiga minha morreu num acidente de mota. O marido daquela amiga que eu sempre achei que nada, mas nada ia abalar o seu casamento, feito de muito amor, de muita partilha mas também de muitas cedências. Aprendi com ela, o poder que nos está nas mãos, de fazer crescer o amor entre duas pessoas. Sempre foi e será um modelo de vida para mim.
E assim acaba uma linda história de amor com 20 anos. De um segundo para o outro. Dela restam memórias, uma mulher e dois filhos...
"Perceber que a vida, retirada toda a gordura das pequenas insignificâncias inconsequentes, será esta dança entre as duas palavras, e agarrarmo-nos com um feliz desespero a uma para tentarmos (ingénuos) fugir à outra."
E foi com início nesta conversa, entre lágrimas e os porquês, que me perguntaram ontem:
_ Diz-me lá agora onde está o teu Deus. Aquele de quem tu tanto falas?
Tenho lido tanto, por estes dias, por aqui e por ali, temas sobre a religião e nenhuma dessas vezes me apeteceu comentar, falar, opinar... Mas hoje sim. Hoje acredito que existe espaço para a minha resposta, uma resposta para mim mesma.
Sei que a pessoa que me faz uma pergunta dessas, sofre bem mais do que eu. Simplesmente porque não tem nada onde se agarrar, onde se amparar. E o que é a fé, senão uma forma de nos fazer aliviar a dor? A fé, seja ela no que for. Acredito que quem a tem, consegue arranjar sempre alguma resposta, resposta essa que interiormente nos ajuda a arranjar e a arrumar, os anseios, as perguntas. Respostas que nos arrancam a raiva e que nos mostram que o caminho, por mais difícil que ele seja é sempre o caminho do amor.